O que esperar de The Unholy – novo terror produzido por Sam Raimi

Alas religiosas devem entender o que acontece, antes de julgar o longa… em nossa opinião.

O cinema de terror é um gênero difícil. São raros os que nos conseguem verdadeiramente conquistar e, acima de tudo, são raríssimos aqueles que conseguem combinar uma boa história, com atmosfera sombria e desconfortável e de criar um certo realismo para que a narrativa pareça crível aos nossos olhos. The Unholy é o mais recente filme a “aterrorizar” as salas de cinema, onde Jeffrey Dean Morgan interpreta um jornalista desgraçado por uma carreira de mentiras, que se depara com uma jovem surda que foi encontrada a perambular pela floresta. Após a socorrer, Gerry Fenn depara-se com estranhos milagres que esta jovem parece começar a criar depois de recuperar a sua audição e fala e de curar doenças incuráveis em diversos membros da pequena cidade de Banfield. O problema? É que estes milagres escondem uma terrível verdade e eventos bizarros começam a acontecer como consequência destas proezas aparentemente inocentes.

The Unholy encaixa perfeitamente naquele formato de um spin-off quase descarado de The Conjuring, onde o talento de um ator icônico é desperdiçado por uma narrativa que nunca consegue encontrar um local confortável onde florescer. E uma das consequências mais graves é precisamente conseguir colocar-nos a rir de muitas situações em vez de nos aterrorizar. As personagens são totalmente unidimensionais, para além de efeitos visuais precários e uma história que é já conhecida de muitos de nós. Tentando ir buscar alguma nostalgia de clássicos de terror religiosos, The Unholy é uma obra que tem sérios problemas estruturais, onde a mitologia que quer representar acaba por ser superficial e por ter uma carência de orçamento em conseguir criar a atmosfera mais densa, mais impactante, que a sua premissa exige. É também um caso onde talentos veteranos e emergentes são reduzidos a algo muito pouco substancial, como é o caso de William Sadler ou Diogo Morgado, que interpretam membros da igreja céticos do potencial desta jovem milagreira.

Infelizmente, todo o sumo que The Unholy podia ir buscar para se tornar um filme crível e com algum ensinamento rapidamente desvanece com decisões de realização pobres e pelos efeitos penosos que compõem grande parte das sequências. Ainda que um jump scare aqui ou acolá surta algum efeito no público, nada consegue fazer-nos ficar investidos no mistério inicial porque o desenvolvimento da narrativa acaba por não conseguir transmitir com confiança uma ideia plausível ou que nos pareça refrescante. É um grande problema ultimamente neste tipo de cinema: a falta de uma equipe que reconheça o potencial do seu material e cuja dedicação consiga elevar uma peça clichê a um nível superior. Infelizmente, o território de The Unholy não é original e, por muito que queiramos, não podemos afirmar que é, de todo, um bom (ou sequer medíocre) exercício de cinema.

É fraco, e além de atiçar os velhos antagonistas de sempre, sacerdotes, fanáticos, beatas e padres que nunca separam a fantasia de seus dogmas é desprovido dos elementos que deveria ter e, infelizmente, a componente técnica não ajuda a história a sobressair, nem os atores que nele vigoram conseguem salvá-lo de ser um desastre a todos os níveis. Portanto, procurem um filme de terror à base de clássicos e não percam tempo com algo tão desnecessário como The Unholy.

Geo Barbosa

Desenhista e animador, Músico, produtor de tudo que rolou e rola no Cinema, RocknRoll, Heavy Metal, Eletrônica, Underground e Cultura Pop.

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Geo Barbosa

Geo é Desenhista e animador, Músico, produtor de tudo que rolou e rola no Cinema, RocknRoll, Heavy Metal, Eletrônica, Underground e Cultura Pop.